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Crónicas no Bar da Praia

Às segundas, nem sempre sobre bares ou praias.

Crónicas no Bar da Praia

Às segundas, nem sempre sobre bares ou praias.

Esta crónica é um comboio, apenas porque também chega atrasada esta semana. Aqui e ao contrário de um comboio a sério, só se atrasou para mim no compromisso. À partida, mesmo quem estava à espera dela, não chegou para ter saudades nem atrasou ninguém para nada por ter vindo atrasada. E por falar em atrasos, é exatamente isso que me acontece sempre que recebo uma mensagem de voz (voice). Sinto o meu entusiasmo em responder a ser esvaziado à velocidade de um colchão de ar (...)
Um dia disse que não queria mais amigos, que já tinha tempo a menos para o quanto gosto de cada um. Hoje, vejo ao longe a ignorância gritante dessa minha frase. Acho que acreditava nela. Pelo menos até ser atropelado pelo amor de uma amizade nova. As amizades não se procuram, acontecem. E mesmo que se procurem, são muito mais aleatórias que premeditadas. É uma espécie de engate inesperado, o oposto do que se quer numa relação amorosa. Já mudei várias vezes de trabalho, mas (...)
Dizem que o maior orgão do corpo humano é a pele. Não para mim. A minha distração é muito maior e não há protetor solar que me proteja. Afeta-me um pouco a rotina que não tenho. Ou anima. Depende do otimismo com que se vive a distração, e eu vivo-a em exagero. Tudo o que a distração me faz é uma história para contar, mas o egocentrismo fútil do que hoje escrevo é a distração que me afeta a relação com os outros. Os outros que me surpreendem na vida real e me dizem (...)
Estar apaixonado é incrível. Acho eu, que sinto sentimentos a mais, e mesmo assim guardo-os todos para uma só pessoa. Nem sempre a mesma. Pelo menos por enquanto. A minha paixão é monogâmica, mas na amizade não tenho controlo. Sou poliamoroso. A paixão é um incêndio florestal, descontrolado, que arrasa tudo o que lhe aparece à frente. Mas em bom. Já o amor é um crescendo de carinho e orgulho, por várias pessoas ao mesmo tempo. Também tem paixão à mistura, mas onde um (...)
Gosto de ver fotos e vídeos de pessoas que andam atrás do mundo como se fosse de um comboio. Gosto de ver, mas só por vontade própria. Enfiarem-me 396 fotos de um fim-de-semana “super giro” continua a ser incómodo. Principalmente quando o destino tem pouco de encantador para me impressionar em fotos. Tal como, sei lá, um qualquer. Se eu quiser muito ver um sítio vou ao Google. Ou, na loucura, compro uma viagem para lá. Menos para São Miguel (Açores). Só no ano passado vi (...)
Gosto de palavras. De dizer. De escrever. Mas há imagens que valem mais que mil palavras, só não sei quanto vale o meu olhar. E por mais óbvio que seja, como te vejo, só não sabes se não quiseres. Eu bem te olho, mas quase sempre de óculos de sol. Há quem tenha o coração na boca. O meu salta à vista. Não deixo que o sentimento me fuja por entre os dentes, mas tenho sempre as emoções à flor da íris. Seja no que quero dizer, ou no que ouço, sinto muito não reagir tanto (...)
Acabei agora de ler uma carta antiga. De agosto. De 2023. Antiga na rotina que foi destruída. Antiga porque a vida já não existe para textos em envelopes. Receber uma carta já causa estranheza. “Só me escrevem para pagar alguma coisa.” E até os carteiros se esforçam para serem os melhores amigos das compras online. Para o possível desespero deles, continuo a enviar cartas. E a recebê-las. Daqui para o Reino Unido e de volta aqui. Chateio carteiros de várias nacionalidades, (...)
É possível que te tenhas enganado a ler o título. Sobre amizades e negócios, não tenho nada a dizer. Amigos até tenho, negócios não. Falta-me dinheiro para estragar uma amizade, ainda que, na teoria, eu queira ter um bar da praia com amigos. Mais por uma reforma divertida do que pelo “lucro” em si. Mas a expressão original não deixa de ser curiosa. Pelo menos para mim que perco muito tempo com coisas insignificantes. Que amizades é que não se levam para os negócios? São (...)