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Crónicas no Bar da Praia

Às segundas, nem sempre sobre bares ou praias.

Crónicas no Bar da Praia

Às segundas, nem sempre sobre bares ou praias.

Depósitos a prazo já não rendem quase nada. Nem mesmo para contas bem recheadas. Estão tal e qual o meu cérebro: cheio de pensamentos que me rendem poucochinho. Nem as contas, nem o que penso, já nada tenho a prazo.

Não quer isto dizer que pense rumo ao infinito, apesar das infinitas coisas que penso. Seria mais justo falar que penso em micro prazo. Sou um jogador de futebol sem bola. Jogo a jogo, jola a jola.

Beber uma imperial a mais, ou treze, é pensar a micro prazo. É sintoma de juventude, que às vezes se manifesta a vida inteira. Pelo menos na minha. Não quer isto dizer que sou eu que estou na juventude, até porque falar de mim como um jovem adulto soa a velho.

Já não sou jovem para descontos no comboio, mas ainda sou no IRS. Já não sou jovem para descontos no telemóvel, mas sim para um crédito habitação. Parece que fiquei mais rico só por fazer anos, mas na verdade qualquer ajuda me dava jeito para pagar a dívida.

Nem para a minha casa eu penso a longo prazo. Nem a médio. Talvez a curto. Só isso explica o tempo que demoro a comprar esta ou aquela coisa que me acrescenta conforto. E será que o tempo que demoro é a procurar alternativas mais baratas, ou a escolher o modelo certo? Nenhum. Sou só eu a achar que não vale a pena comprar quando me estou quase a mudar.

E eu nem tenho planos para me mudar. Nem dinheiro, que também é preciso e gasto todo na casa atual. Aliás, é um crédito habitação a 40 anos que me diz a longevidade da minha residência. Aqui que ninguém nos ouve, eu acho que não o pago até ao fim. Não por falta de dinheiro, mas sim de vida. Queria só ter um sítio para viver, mais barato que qualquer renda.

É a mesma justificação para ter feito um PPR aos 30. Não é porque estou a planear tão bem o meu futuro e a minha velhice. É apenas por ter descoberto os benefícios fiscais monetários que recebo logo no ano seguinte. E se chegar tarde ao fim da vida, ter isto de parte vai ser uma boa surpresa.

No que toca a investimentos, também já fiz um ou outro. Mas a minha vontade de tirar tudo ao mínimo lucro não é por necessidade. É por me dizerem que o que é bom é deixá-lo lá muitos anos. A ser multiplicado, não sei bem como. O que eu quero é comprar coisas agora.

Não é novidade em mim, mas nunca tinha pensado tanto sobre isto. Num banho. A olhar para o aquecedor de toalhas que tanto queria na casa de banho. Tanto queria que demorei muitos meses a decidir que o ia comprar. Tanto queria que fiquei feliz que nem um puto depois do primeiro banho enrolado numa toalha quente. Tanto queria que o comprei e o deixei à espera de ser montado durante 10 semanas. Pouco mais de dois meses, mas queria ser dramático.

Penso tanto a curto prazo que qualquer investimento me parece um desperdício.

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