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Crónicas no Bar da Praia

Às segundas, nem sempre sobre bares ou praias.

Crónicas no Bar da Praia

Às segundas, nem sempre sobre bares ou praias.

Quanto à música, nada a fazer. Nem à principal, nem às outras todas que se cantam naquela brincadeira entre aniversariante e plateia. Fujo sempre que posso quando me a querem cantar e aposto num bom playback sempre que me exigem voz afinada.

É uma formalidade dispensável, para mim, mas igualmente bonita por partir sempre de quem nos quer tão bem. E quando não estamos presentes para cantar, ou para um abraço real, resta apenas uma chamada ou mensagem. Consoante a geração, também vale uma foto, ou 37, quiçá um vídeo, tudo no Instagram para não falhar a parabenização pública.

Eu fico entre a geração do Instagram que rejeita chamadas a torto e a direito. Por isso, a única opção que me resta é enviar mensagem. Parece simples, mas há poucas coisas que me intriguem tanto quanto este ato tão simples. Enquanto as chamadas, tal como as músicas, nunca fogem dos mesmos clichés, nas mensagens há todo um novo mundo.

Primeiro, sobre enviar. Gosto do desafio de escrever uma coisa diferente, ano a ano, personalizado à pessoa, porque se vou dar os parabéns é porque me interessa o suficiente para querer mostrar um carinho. É um exercício giro, mas só nas amizades mais recentes.

E nas mais antigas, nas amizades que preservo há mais de metade da minha tão curta vida? Um simples parabéns parece insuficiente. A chamada que pode ajudar é evitável. O que dizer mais um ano a alguém a quem já declarámos amor tantos anos seguidos?

No mundo do amor, ano após ano, há coisas diferentes a dizer e, à partida, quem se gosta tanto que até se beija na boca raramente precisa de se desafiar numa mensagem já que faz questão de estar fisicamente presente. Acho eu. Que gosto de amor, mas percebo pouco.

Há pessoas a quem ligo, porque a amizade cresceu em chamadas, mas as mais antigas nasceram de convívios reais e trocas de mensagens infinitas. Fruta da época de uma adolescência que desvendou pacotes de SMS como se fosse o buffet de pequeno-almoço de um bom hotel.

É a pensar nesta forma de ser diferente, criativo, divertido, amoroso, ou outra coisa qualquer, que me atraso nas mensagens que quero enviar. Ando o dia todo a pensar no que vou escrever para começar sempre com uma forma de me desculpar pelo atraso de poucas horas.

Podia acreditar que funciono melhor sob pressão, mas é só mais uma desculpa. A única parte boa de me deixar levar pela meia-noite do dia a seguir é que fiquei a conhecer melhor que ninguém o fuso horário dos países que vivem horas atrás das nossas. E desculpei-me mais vezes com o Havai que com os Açores. Na verdade, devia era enviar a mensagem a horas.

Se isto é uma forma de escrever sobre nada? Sim. Se gostei? Também. E é assim que me atraso para mais uma mensagem de parabéns para alguém especial.

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