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Crónicas no Bar da Praia

Às segundas, nem sempre sobre bares ou praias.

Crónicas no Bar da Praia

Às segundas, nem sempre sobre bares ou praias.

Gosto de palavras. De dizer. De escrever. Mas há imagens que valem mais que mil palavras, só não sei quanto vale o meu olhar. E por mais óbvio que seja, como te vejo, só não sabes se não quiseres. Eu bem te olho, mas quase sempre de óculos de sol.

Há quem tenha o coração na boca. O meu salta à vista. Não deixo que o sentimento me fuja por entre os dentes, mas tenho sempre as emoções à flor da íris. Seja no que quero dizer, ou no que ouço, sinto muito não reagir tanto quanto o que sinto em excesso.

Mas isto não é uma crónica de um romântico com falta de coragem, é apenas sobre amor, palavras e amor nas palavras. É por isso que uma pergunta tão simples, como “queres vir?”, me pode emocionar muito mais que as possibilidades de resposta.

“Bora” é um sim com entusiasmo e cheio de vontade, é a felicidade do que ainda não aconteceu. “Quero” é um sim com pragmatismo, com a desconfiança saudável e inconsciente do que poderá ser. “Pode ser” é um sim, sem força e esperança, é um frete com data marcada. É um sim “já que não tenho nada melhor que fazer”. Mas tendo em conta que há tanto para fazer a toda a hora, quase que pode ser um sim elogioso, mas não acho.

A conclusão foi sempre a mesma. É para ir. Mas a energia e a emoção com que se vai , e a que sente antes de ir, são incomparáveis. E nem interessa muito o destino, visto que ainda se vendem canecas a dizer que o importante é a viagem, ou seja, a companhia.

É este o meu amor, doentio, pelas palavras e pela emoção que carregam. Ainda mais hoje, que todos escrevemos tanto uns para os outros, com mais ou menos cuidado, mas sempre conscientes que a forma de escrever é também uma janela para a personalidade. Ou para o estado de espírito. Ou para os dois.

É claro que um “pode ser” de 3 pessoas diferentes não significam, nem de perto nem de longe, o mesmo. Cada pessoa tem a sua forma de escrever habitual e a mudança traz suspeita. Pelo menos a mim, que me desfoco das palavras ditas para me focar nas escritas. 

O estilo de escrita é a inconsciente na ponta dos dedos, mas alterá-lo pode ser uma chamada de atenção. É fácil alterá-la intencionalmente para manifestar qualquer coisa, mas não é isso que me interessa. São os pormenores. As vírgulas. Os pontos finais. Os emojis e a falta deles. Tudo o que é hábito se sente normal, mas é no erro que está o encanto.

E nem é no erro ortográfico. Esse interessa-me pouco nesta análise emocional, natural, e muito sem querer que faço de cada um. Mas já que faço este desvio, quem se diz “nazi da gramática” está sempre a criticar ortografia. É muito diferente. E indiferente por agora.

É por isto que gosto de repetir que gosto de ti. É a minha forma de te contar o que os meus olhos gritam sempre que te vêem. A ti. A ela. A ele. Quero tanto dizer que gosto de ti que só deixo as palavras sair quando estou longe. Tudo para não perder um segundo de ti.