És filho único, não és?
Não sei se alguém me perguntou isto. Costumo estar distraído. Mas já me fizeram parecido, “és peixes, não és? Nota-se”. E eu nem tinha vindo da piscina. Nunca me senti filho único. Pelo menos nos estereótipos típicos do que é ser filho único. Se calhar, é por ter irmãos. Mas é muito provável que não seja, até porque seria informação falsa.
Eu nem tenho o hábito de tratar pessoas por “mano” ou “mana”. E provavelmente também não está relacionado. Eu tenho tias e tios, pai e mãe, mas não ando aí a chamar graus de parentesco a pessoas que não são da minha família. Não faria sentido, tal como os estereótipos.
“Mandões e dominadores”. Menos eu que prefiro que alguém me domine. Sou passivo, menos nos rendimentos que tenho. E ser mandão também não me excita muito. Não gosto de mandar em ninguém, porque eu próprio não sei o que estou a fazer. Isto é sobre quê? Continuando.
“Não sabem partilhar” é a minha preferida, porque partilho demais, especialmente sobre a minha vida. Quanto a coisas, digamos que eu andei uma hora à procura de algo que tinha dado há mais de um ano. Eram uns óculos de sol. Que eu não perdi. DEI. E é recorrente. Dou coisas que não preciso, ou não uso, até ao dia que as quero de volta. E tal como as ex-namoradas, também me lembro sempre tarde de mais do quanto queria e gostava.
“Falta de habilidades sociais” e eu a achar que já conheço e gosto de pessoas a mais, para as quais não não tenho o tempo que queria. Ou então são mesmo poucas e eu nem disso tenho noção.
“Incapazes de lidar com a crítica” e eu que, adoro o que faço, mas sou obrigado a lidar com a rejeição diária de várias pessoas. Aliás, o que eu mais faço é escrever e editar, editar e escrever de novo a mesma coisa até acertar. Lido bem com a crítica, até porque acredito que tudo o que faço não é grande coisa, portanto, faz sentido.
Também dizem que os filhos únicos têm excesso de confiança? Eu acho que não, mas se disserem, também não tenho.
“Os filhos únicos são mimados” e eu que já recebi telefonemas dos meus pais a informarem-me que vão jantar fora, ou já foram, ou que marcaram uma viagem. Até preciso de pedir se posso ir também. Se isto é ser mimado, devem ter outro filho e eu não sei de nada.
E ainda dizem que os filhos únicos são “egocêntricos”. Fogo, logo eu que estou aqui a escrever isto tudo sobre mim. Ups.
Fora do mundo destes estereótipos, mas ainda sobre filhos. Não me lembro de ter acontecido comigo, mas já ouvi alguém dizer “filho da mãe” e a resposta imediata ser “e do pai também, senão era coxo”. Ora, eu sou filho dos dois e sou coxo. Serei adoptado, ou estas frases são tão ocas como quem as diz?