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Crónicas no Bar da Praia

Às segundas, nem sempre sobre bares ou praias.

Crónicas no Bar da Praia

Às segundas, nem sempre sobre bares ou praias.

Não é surpresa para ninguém que estas eleições foram “planeadas” em cima do joelho. E, pelos vistos, os cartazes de cada partido também. Não é uma crítica, nem um elogio. É uma sensação que cada um deles me oferece. Quem diria que Bloco de Esquerda e Chega me fariam sentir exatamente o mesmo no que à comunicação diz respeito?

Enquanto conduzia, passei por um cartaz com Mariana Mortágua onde li “Baixa as rendas”. Parece um pedido. Uma ordem. Mas se eu não sou senhorio como é que baixo as rendas? Ou será que é um cartaz exclusivo para apelar ao bom senso dessa “classe profissional”? Claramente, algo errado não está certo e o trânsito não me ajudou.

No dia seguinte já estava trânsito. Aquele pára-arranca que dá jeito para ler cartazes, já que quase todos têm palavras a mais para a velocidade de um carro nos limites legais. Em letras mais pequenas, e antes daquelas palavras de ordem, podia ler-se “O voto no Bloco”. Okay, assim já sei o que querem dizer.

Noutra estrada, vi Sócrates e Montenegro e li “50 anos de corrupção”. A frase deu-me algum alento, porque só pelas caras imaginei uma nova coligação, no mínimo, bizarra. É claro que, sendo atento a política, sei que é um cartaz do Chega. Mas e quem está desligado ou distraído? Só à segunda passagem é que confirmei que, em letras bem mais pequenas, se pode ler “Vota Chega”.

A partir daqui, comecei a conduzir mais. Mas o Waze ainda não tem rotas para encontrar todos os cartazes dos partidos com assento parlamentar. Felizmente, não foi difícil encontrar mais alguns.

“Confiança” é o que se lê ao lado da cara de Rui Rocha. Também peca por ter “Vota Iniciativa Liberal” em pequenino, mas é o que menos me preocupa. A pergunta é: confiança para quem? É o que querem? É o que oferecem? A pose fotográfica e a palavra, juntas, não combinam. Está mais perto de ser auto-ajuda que comunicação política. De facto, estava a caminho de um treino e senti-me muito mais confiante com o meu corpo.

No regresso a casa, vi o enorme sorriso do Pedro Nuno Santos e li “Cabaz Alimentar IVA Zero”. Por momentos, fiquei aliviado porque o sorriso distraiu-me ao ponto de achar que pudesse ser uma nova clínica dentária. Não era, mas os dentes estão impecáveis. Talvez a frase fosse “Zero Cabaz Alimentar”, porque quem come ainda fica com qualquer coisa nos dentes.

Ainda vi um do PCP, mais pequeno em tamanho, encostado a um poste, à beira de uma rotunda e sem fotografias. Daquelas palavras todas, consegui captar duas partes. A mini mensagem do partido em quem o cartaz ordena o voto e o final da frase “e o povo?”

O povo trava antes de entrar na rotunda, mas não tanto que dê para ler isso tudo. Já eu, vou continuar às voltas e à procura dos cromos que me faltam para encher esta caderneta.

Sinto que já fiz linha, mas ainda sonho com o bingo.

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