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Crónicas no Bar da Praia

Às segundas, nem sempre sobre bares ou praias.

Crónicas no Bar da Praia

Às segundas, nem sempre sobre bares ou praias.

Faz hoje 1 ano que o meu primeiro livro foi publicado. Digo primeiro, mas talvez esteja a enganar quem lê, incluindo a mim. De facto, foi o primeiro, mas não há nenhum segundo no horizonte. Nem nas notas do telemóvel. É o meu livro. O único. Quiçá o último. E mesmo que não seja, queria só usar a palavra “quiçá” algures.

Escrever uma crónica sobre um livro de poesia é confuso, eu sei. Mas durante este ano inteiro, o livro está na categoria de “contos”. Tudo faz pouco sentido, mas como não tenho jeito para bolos, escrevo isto. Podia ser autopromoção, e talvez seja, mas prefiro focar-me no carácter comemorativo do momento.

Nunca tinha pensado em escrever um livro. Também nunca tinha dito que o ia evitar. Gosto de deixar tudo em aberto. Mas sempre que alguém me perguntava se não era um objetivo ou um sonho, eu só dizia que era demasiado compromisso para mim. Gosto de rapidinhas e não de coisas que demoram muito a acabar. E isto ainda é sobre escrever.

Na minha cabeça, escrever um livro seria gastar tempo que não tenho a pensar numa história, num enredo, personagens, reviravoltas e cenários. Que cansaço só de pensar. Até que o meu próprio cérebro me atraiçoou no banho com um título. “Letras na Gaveta”.

Eu ainda nem tinha espremido o frasco de shampô no cabelo e já me estava a coçar com tão bela ideia atrás da orelha. Achei o nome giro. Um título giro. Mas para quê se as minhas gavetas só têm boxers, meias e espaço vazio? Podia ser o título de um livro, pensei, enquanto já imaginava a capa e contracapa de um livro que continuava sem propósito e carregado de páginas brancas.

O tempo de lavar o cabelo e esfregar-me em gel de banho foi suficiente para idealizar tudo, mas precisava de mais hidratação mental e coloquei amaciador. Sempre ganhava uns minutos. E foi nesse intervalo que me pareceu boa ideia escrever 100 poemas, em 10 categorias distintas. E puff, não se fez o chocapic, mas nascia o meu livro. Ou a ideia de o escrever.

Sempre gostei de poesia, mas só daquela que me atropela a meio da rua quando não estou à espera. Aquela frase solta que dá sentido ao dia, aquela rima que soa a música nos meus ouvidos, aquela quadra que se está a escrever sozinha. Só depois de uma inspiração espontânea é que arranco para mais versos e mais quadras, e mais tercetos, e mais daquilo que faz um poema.

Começar do zero não me parecia boa ideia, até me lembrar que tinha, de facto, alguns poemas escritos num blog abandonado. Eram letras numa gaveta digital. Fui buscá-los, escolhi os melhores e reescrevi os que tinham o potencial que o meu eu passado não sabia tratar. Juntei tudo e contei 23. Faltam 77. Que exagero.

Vou pensar nas categorias. E criei 7. Que é um número primo. E 23 também. E os meus pais também. E foi assim que abandonei a ideia gasta dos 100 poemas para escrever 41. Ou 43? Já não sei, mas também vou deixar isto em aberto até à próxima segunda-feira.

Há quem celebre anos de vida, anos de blog, e até outros anos, com uma letra diferente. Já eu, vou celebrar 2 anos de visitas periódicas à psicóloga. Ou terapia, como soar melhor. E mesmo quando acho que já não preciso, continua a fazer muito sentido. Dizem que é o ginásio da mente, não é?

Não sei como funciona essa referência. Não percebo de ginásios. Não vou. Não gosto. Especialmente por ter demasiada gente a suar para o chão. Nada contra se for a dois. Não sou de treinar, mas gosto de nadar. Só um bocadinho. Aquele tempo suficiente até ao limbo em que o prazer se torna cansaço.

E por mais que goste, nunca consigo ser consistente nas vezes que vou. De duas em duas semanas, ou uma vez a cada 3 meses. Já para pagar, sou pontual. É por isso que quero celebrar estes 2 anos de terapia. Por ser algo com o qual estou tão comprometido que, mesmo quando acho que vou desistir, volto outra vez: uma vez por mês, todos os meses.

Eu sei que 2 anos pode ser um sopro, mas eu comecei dois mestrados e não estive dois anos em nenhum deles. Trabalho há mais de 7 anos e também nunca estive tanto tempo no mesmo escritório. Não que tenham feito mudanças, fui só eu que mudei. Nem as minhas relações amorosas duram tanto tempo, mas é melhor não ir por aí.

Nadar é a minha terapia. Curiosamente, indo só 1x por mês até é mais cara que a outra em que consigo falar sem engolir pirolitos. Se fosse apenas um ginásio, seria mais barato, mas quando o resultado é bom, não é desperdício, é investimento.

Dentro de água, na piscina, eu percebo tudo. Na terapia tento-me entender a mim. E no ginásio não entendo bem nada. Muito menos as máquinas. Claramente que estou muito mais focado no “ginásio da mente”. E nem faz muito sentido porque a minha única deficiência é física.

Entrar na piscina ou no consultório tem o mesmo efeito em mim: um sorriso de serenidade por ter escolhido fazer a coisa certa mesmo antes de lá entrar. A única diferença é que, na piscina, é o cheiro a cloro que funciona como um calmante brutal em mim.

Falar de terapia e de calmantes podia ser meio caminho andado para falar de outras alternativas terapêuticas, mas por enquanto só quero cheirar cloro. De preferência, perto da piscina. Nunca experimentei de outra forma.

(Publico no Público P3 a 12 de maio de 2021)

“O mundo sabe que” é a minha serenata na declaração de amor que canto por ti. O que sinto não é fácil de escrever, é um amor tão irracional quanto transcendental, onde todas as palavras parecem curtas e pequenas para falar da tua grandeza. Um amor demasiado grande para poder ser beliscado, um amor que hoje vai ser tão festejado, um amor que explode em cânticos a uma só voz “Campeões, Campeões, Nós Somos Campeões”.

Não há limite no amor que sinto por ti, meu Sporting. Para o amor que cultivo desde que nasci, quando ainda mal sabia andar, mas já corria para Alvalade, quando ainda não sabia dizer os “r’s”, mas já gritava por ti a plenos pulmões. E sem saber o que era amor, nasci apaixonado por ti.

Obrigado por me deixares gritar “Eu sou Campeão!”, obrigado por me dares um dos melhores dias da minha vida. Obrigado por estares agora a escrever esta página tão bonita na minha história, na nossa história e na história do nosso amor. Antes de um primeiro beijo, de uma declaração de amor ou um pedido de noivado, há ansiedade e adrenalina, há angústia e emoção. Há também uma dúvida presente que nos assombra em cada momento, mas que chutamos para o lado com otimismo para pensar “E se corre bem?” E correu! E eu também vou querer sempre correr por ti.

Estar nervoso antes de cada jogo, antes do primeiro golo, antes do árbitro apitar o final do jogo que traz a nossa vitória. Esse sentimento não é nada fácil, mas quem disse que amar é fácil? Por cada vez que o meu coração acelera, por cada vez que me levas ao limite das minhas emoções, dos arrepios às lágrimas, e por todas as vezes que me fazes vibrar, obrigado! #OndeVaiUmVãoTodos e o meu coração vai contigo para todo o lado. Onde tu fores, eu vou lá estar! E é só por ti que eu consigo tentar relações à distância, porque por este amor, todos os sacrifícios valem a pena quando voltamos a ser felizes juntos.

Tenho lágrimas na cara e no teclado e deixo-as cair por cada lugar em que hoje sou feliz. E é assim que quero para sempre recordar este dia, neste ano tão especial, tão atípico, tão difícil. A caminhada foi longa, mas cortar a meta foi das coisas mais belas que já vi. O pôr do sol é uma beleza natural, mas ver-te campeão é tão mais bonito. Tenho orgulho e admiração por ti, e neste amor tão intenso, nem um “amo-te” consegue descrever esta emoção.

Bem sei que tudo o que acontece muitas vezes perde valor, fica banal, mas 19 anos é muito tempo para esperar por ti. Mesmo assim, o meu amor por ti não se esgota, não se esfuma e esperaria o tempo que fosse preciso para me fazeres tão feliz. Para nos fazeres tão felizes. Sporting Clube de Portugal, meu príncipe encantado, foi hoje o beijo adormecido que te acordou para a vitória tão, mas tão desejada por quem tem o coração verde e branco desde pequenino.