Firenze Rifredi, um nome bonito que pode parecer tudo. Mas é só uma estação suburbana de arquitetura funcional. Uma espécie de Monte Abraão em tons de azul, onde dois primos se preparavam agora para descobrir como podiam chegar a Bolonha.
Nada me fez sentir tão em casa como ver as bilheteiras sem ninguém. Deve ser um traço deste nosso estilo mediterrânico. Sobravam as bilheteiras “desenmerda-te” - em que somos verdadeiramente os únicos responsáveis pelo nosso futuro.
Futu (...)
Eu dou-me bem com as horas. Mesmo as que passam a voar. Mesmo as que custam a passar. Já com horários, não me entendo. É por isso que quando vou viajar, existe uma preocupação à minha volta sobre se volto. Dizer que perdi qualquer coisa nunca surpreendeu ninguém. Fosse um lápis na escola ou um voo para qualquer lado.
Voos ainda não perdi, por sorte. E foi num dos últimos que consegui, com a ajuda da minha prima que é igual a mim, transformar uma viagem de 1h30 em quase 6h. (...)
É sempre mais fácil culpar quem já não está cá para se defender. Ou para atacar. Até para ignorar. Aliás, ignorar é das poucas coisas que se consegue fazer enquanto se está morto. Por enquanto.
Não foi por falta de coragem, nem timing. Apenas demorei este tempo todo a perceber o impacto que o Assis ainda tem na minha vida, em quem sou e nas paixões que tenho. E só esteve muito presente no primeiro terço da minha vida. Mas chegou para encher os outros dois.
A paixão (...)
Nada disto é original, é inspiração - porque para ser plágio falta qualidade - de uma rúbrica que que vi na BBC Radio 1 com o Bon Iver. Por me faltar talento para tudo e mais alguma coisa, esta é mais uma entrevista que não me vai acontecer. Mas gostei tanto de a trazer para mim, que faço desta crónica o meu espelho musical.
Não vou pensar muito e vou ser honesto ao meu instinto, às (...)
Felizmente para mim, e para este jogo que jogo sozinho, os cartazes de campanha continuam de pé após as eleições. Não sei qual será a pressa de os tirar, mas o que vi à beira da IC19, com uma avó querida a segurar as bochechas do Pedro Nuno Santos, agora, parece só consolo. O texto já não importa.
Também na mesma estrada, que é tão produtiva em trânsito como em cartazes, li o cartaz do PCP “A coragem que enfrenta a direita”. Tendo em conta a curva em que está, mais (...)
Fazer anos é uma festa, sim, mas será que é assim tão importante para merecer os “parabéns”? Celebrar o aniversário é das minhas coisas preferidas. Receber mensagens e telefonemas de quem gosto também. É como se fosse um funeral, mas comigo vivo, e vivo feliz sem ouvir o “parabéns a você” há.3 anos.
Fui ao dicionário. Ao Priberam. Esta crónica teria outro encanto se tivesse mesmo aberto um dicionário, de papel, mas não tenho nenhum em casa. Talvez seja útil para (...)
Não é surpresa para ninguém que estas eleições foram “planeadas” em cima do joelho. E, pelos vistos, os cartazes de cada partido também. Não é uma crítica, nem um elogio. É uma sensação que cada um deles me oferece. Quem diria que Bloco de Esquerda e Chega me fariam sentir exatamente o mesmo no que à comunicação diz respeito?
Enquanto conduzia, passei por um cartaz com Mariana Mortágua onde li “Baixa as rendas”. Parece um pedido. Uma ordem. Mas se eu não sou (...)
Depósitos a prazo já não rendem quase nada. Nem mesmo para contas bem recheadas. Estão tal e qual o meu cérebro: cheio de pensamentos que me rendem poucochinho. Nem as contas, nem o que penso, já nada tenho a prazo.
Não quer isto dizer que pense rumo ao infinito, apesar das infinitas coisas que penso. Seria mais justo falar que penso em micro prazo. Sou um jogador de futebol sem bola. Jogo a jogo, jola a jola.
Beber uma imperial a mais, ou treze, é pensar a micro prazo. É (...)
Dizem que vivemos depressa demais, que o tempo não pára e é muito mais rápido hoje do que era no tempo dos nossos avós. Talvez seja verdade. O que não faltam são pessoas que ainda mal começaram a procriar mas já se orgulham de acumular mais doenças que os outros. Tal como uma verdadeira avó.
Eu também tenho doenças. Ainda por cima verdadeiras. Mas nenhuma delas foi trend, nem vai ser. São raras e pouco fáceis de imitar. Ao contrário de todas as outras que ao mesmo tempo (...)
“Não assobies à noite. Isso chama as cobras.” E é por isso que eu não o faço. Não quero que as cobras achem que eu as chamo, nem que venham atrás de mim. Também não quero saber se é só mito ou verdade, mas lembro-me sempre dela quando assobio e páro no segundo a seguir. Mesmo que seja de dia.
Talvez a minha avó tenha inventado isto só por não gostar do barulho. Se foi esta razão, respeito para toda a vida. Inventar mitos, destes inofensivas, pode ser o meu próximo hobbie (...)