A eterna insatisfação é um traço de personalidade, às vezes inconsciente, de se ser português. Não posso estereotipar espanhóis, nem franceses, nem outra nacionalidade sem conhecer pelo menos 10. Mas portugueses conheço muitos, e muitos assim.
Assim, sempre insatisfeitos com a pequenez de tudo e mais um bocadinho. O fim de semana foi bom? O que é que isso importa quando a resposta é quase sempre “curto”. O que nem responde à pergunta. O tamanho importa assim tanto?
O (...)
Gosto de galas, de as ver, porque me falta talento para lá estar, “do outro lado”. Óscares, Emmys, Grammys, entre outros até aos Globos de Ouro. Os portugueses. A cerimónia para homenagear o melhor que se faz na cultura em Portugal durante o ano. Mas qual ano?
Apesar do habitual outubro, estes foram no último bafo de setembro. Se era para homenagear o melhor de 2023, outubro é um bocadinho tarde. Até para Portugal. Se for para homenagear o melhor de 2024, ainda faltam 3 meses. (...)
Quanto à música, nada a fazer. Nem à principal, nem às outras todas que se cantam naquela brincadeira entre aniversariante e plateia. Fujo sempre que posso quando me a querem cantar e aposto num bom playback sempre que me exigem voz afinada.
É uma formalidade dispensável, para mim, mas igualmente bonita por partir sempre de quem nos quer tão bem. E quando não estamos presentes para cantar, ou para um abraço real, resta apenas uma chamada ou mensagem. Consoante a geração, (...)
O tabaco está cheio de promessas que se esfumaram antes de eu chegar ao mundo. Fumar é um vicio e um prazer. É dependência ou alegria. É invariavelmente pouco saudável, mas também faz bem ao coração. Figurativamente falando, claro.
O fumo é intenso e agarra-se até a quem nunca o quis. É espontâneo pelas emoções que carrega, pelo menos para mim, que me aborrece pouco. Não conheço ninguém que goste de ficar com o cabelo, a roupa ou o carro a cheirar a tabaco, mas é um (...)
Se esta crónica fosse um filme, começava com algo mais ou menos assim: Do mesmo criador de “Tudo bem, tudo e contigo, também”. Mas não é. É um texto disfarçado de segunda parte de outro.
Esta crónica é sobre que disse a mim mesmo algures em novembro “amanhã escrevo o resto” e esse amanhã só demorou 10 meses a chegar. Pode ser muito, pode ser (...)
Conforto é algo que se procura num sofá, literalmente ou não. Conforto é procurar pelo que se gosta, de sentir, de fazer, de comer. Principalmente de comer e é por isso que comida de conforto é um tema tão aconchegante.
Quando comecei a cozinhar, rapidamente percebi que tinha um prato preferido de fazer. Não era necessariamente o mais saudável, nem o mais apurado, nem o mais saboroso. Era um prato que me enchia de felicidade muito antes de me roubar a fome. Tinha 16 anos e já (...)
É raro termos uma segunda-feira em que a única conversa não é o ódio à própria segunda enquanto conceito de dia. Hoje, o prato do dia é terramoto. Ou seja, contínua a ser um dia monotemático, mas de certa forma exótico.
Escrevo este texto com a leveza de não ter sido uma catástrofe, fazendo deste dia só mais um em que algo inesperado acontece. E sempre que assim é, “as redes sociais incendiam-se” com memes, GIFs e qualquer outro formato que dê para fazer uma qualquer (...)
Cada vez gosto mais do cinema como um espaço de lazer e meditação. E não, eu não pago bilhetes para dormir. Para isso já me basta as infinitas sestas que faço em todos os meios de transporte. Todos.
“Gosto muito de filmes e séries” é uma frase demasiado gasta, e ainda bem, mas leva-nos quase sempre a um cenário caseiro. O filme no sofá, com ou sem segundas intenções, a série para a hora de jantar e outra para depois. Os momentos de consumo são demasiados, mas pouco (...)
Pouco na vida me deixa tão feliz como escolher ficar em casa depois de um período fora. Não vibro entusiasticamente com a energia de quem gosta de aproveitar tudo a toda a hora até ao último suspiro, quando no fundo também é isso que faço. À minha maneira.
Demorei a descobrir o encanto de ficar o último dia de férias em casa, fechado dentro das minhas paredes, a matar as saudades de um sofá que não vai a lado nenhum. Demorei a perceber o prazer de quem se organiza para (...)
Gosto muito de cães. Tanto quanto o medo que tenho deles. Mas há excepções: cães que adoro e com quem brinco, nunca tanto que possam parecer meus. Fobias à parte, eu quero é que os cães sejam felizes, mesmo quando isso implica perder a minha liberdade.
Imagino que este medo seja pouco comum, já que o espanto é quase tão grande como ser português e dizer que não gosto de queijo. Aceita-se melhor que este medo que preferia não ter.
Não interessa se ladra ou não. A cada (...)